Música na Terceira Idade: uma alternativa que promove saúde e qualidade de vida

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo analisar os diferentes estudos sobre o envelhecimento da população e a mudança de comportamento no que se refere as formas de tratamento dispensadas às pessoas na terceira idade nos tempos atuais. Entre as diversidades de atendimento está a música, tema central deste estudo, onde é abordado assuntos relativos a relevância da música na vida cotidiana destas pessoas, como forma de contribuir para que tenham um envelhecimento dentro dos padrões adequados de saúde, socialização e assistência básica para se manter ativo na sociedade em que estão inseridas.

Palavras chave: Música. Envelhecimento Ativo. Benefícios para Idosos.

 

 1.INTRODUÇÃO

            A população vem apresentando um aspecto que começa a movimentar setores da saúde, educação e assistência social, que é a longevidade. Com o aumento de anos na expectativa de vida da população, houve a necessidade de novas pesquisas e consequentemente a criação de estratégias que possam viabilizar ações que auxiliem estas pessoas a conviver em sociedade de forma mais saudável possível e ativa socialmente, considerando as suas potencialidades. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em cincos anos, a população brasileira com 60 anos ou mais de idade cresceu 18,8% entre 2012 a 2017. [1]

Ao mesmo tempo em que estes dados apresentam resultados positivos quanto a longevidade, também traz a preocupação quanto a qualidade de vida dessa população, pois viver por mais tempo só pode ter sentido se este tempo for prazeroso, satisfatório e produtivo dentro da sociedade, e principalmente saudável. Assim a música pode contribuir significativamente para que se torne possível a qualidade de vida das pessoas da terceira idade através de atividades musicais direcionadas sistematicamente a este público.

               2.GERONTOLOGIA

 

               A Gerontologia é uma palavra que se origina do grego e significa estudo do envelhecimento em todas as suas dimensões. O gerontólogo é o profissional que assume esta área da ciência promovendo pesquisas e ações que contribuam para uma melhor qualidade de vida dessa população.

O envelhecimento da população mostra como a ciência e a tecnologia tem contribuído para estes resultados de forma satisfatória, mas ao mesmo tempo traz preocupações quanto a esta nova modalidade de vida: como viver bem e ativamente sendo que muitas funções do organismo não acompanha este processo, pois é fato que com o envelhecimento ocorrerem perdas e modificações no organismo que comprometem capacidades indispensáveis para uma vida plena. Estudos realizados apontam que a música contribui para resultados significativos desde que as atividades sejam realizadas sistematicamente.

 

  2.1 ASPECTOS RELACIONADOS AO ENVELHECIMENTO

 

            Os aspectos relacionados ao envelhecimento diferem de forma individual, pois dentro desta faixa etária, dos 60 anos em diante encontra-se indivíduos que embora tenham 60 anos são menos ativos do que um de 80 anos, por exemplo. Assim generalizando a terceira idade. Assim, segundo Debert (1999), o processo contínuo de perdas e de dependência seria responsável por um conjunto de imagens negativas associadas a velhice. Em um outro ponto de vista encontra-se a lógica de Uchôa (2003) em que a medida que o envelhecimento é documentado em outros povos, constata-se que ele é um fenômeno profundamente influenciado pela cultura.

Apesar de várias concepções sobre o envelhecimento, o que ocorrem são modificações no organismo humano que debilitam muitas atividades realizadas pela população da terceira idade. De acordo com seus estudos, Lambert (2018), destaca as seguintes modificações:

  • Fisiológicas (perda de força muscular e nas articulações, desidratação fisiológica e redução de atividades nos órgãos dos sentidos, fatores que comprometem a agilidade corporal do idoso, sua coordenação motora e sua força;
  • Cognitivas (lentidão nos processos mentais e dificuldades no processamento linguístico;
  • Psicossociais (o fato de o envelhecimento estar associado a várias incapacidades gera um sentimento de não pertencimento na sociedade em que se está inserido, o que gera uma imagem distorcida e prejudica a auto estima desta população).

 

 

  1. ASPECTOS MUSICAIS

 

A música é uma arte que sempre existiu na vida de cada ser humano de forma natural, mas através dos tempos foi alvo de pesquisas e estudos que fizeram com que fosse compreendida de maneira a ser utilizada sistematicamente para promover resultados positivos para as várias dimensões dentro do campo de atuação de cada profissional. A música apresenta possibilidades para que o indivíduo resgate a sua identidade e tenha a oportunidade de ter controle sobre sua mente, seu corpo e consequentemente adquirindo sua autoconfiança.

Tourinho (2006) acrescenta que a música pode favorecer a memória, evocando lembranças do passado possibilitando que o indivíduo reconstrua experiencias do presente e passado suscitando o inconsciente a trazer material ao consciente. Desta forma observa-se que a música pode trazer benefícios tanto para o corpo como para a mente, e por estes motivos tem sido utilizada como alternativa para tratamento por parte de especialistas, tanto na área da saúde quanto da educação.

 

  3.1 BENEFÍCIOS DA MÚSICA PARA IDOSOS

 

Para que as práticas musicais tenham o efeito desejado é imprescindível

que as atividades sejam ministradas por profissionais habilitados, pois de acordo com Lambert (2018), o trabalho é de muita responsabilidade e vai muito além da aplicação de propostas aleatórias para passar o tempo. Dentre estes profissionais estão as seguintes áreas: fonoterapia, fisioterapia, terapia ocupacional, musicoterapia, psicoterapia, assim como na psicopedagogia, assistência social, enfermeiros e cuidadores de idosos, entre outros.

 

De acordo com Blasco (1999) apud Lambert (2018), os efeitos da música ocorrem em diversas áreas, são eles:

  • Efeitos Fisiológicos: ligados a pressão arterial, respiração, ritmo cardíaco e pulsação, respostas musculares e motoras, resistência à dor, etc.
  • Efeitos psicológicos: ao despertar, evocar, provocar, fortalecer e desenvolver emoções ou sentimentos através da música, os efeitos, dependendo das características sonoras podem ser sedantes ou estimulantes, pois atuam diretamente no sistema nervoso central.
  • Efeitos intelectuais: desenvolve potencial criativo, atenção e memória ampliando a capacidade de cognição do educando.
  • Efeitos sociais: promove e favorece a expressão da pessoa que projeta sentimentos, pensamentos e imagens atuando como socializador através das atividades em grupo.
  • Efeitos Espirituais: provoca sentimentos religiosos, sublimes que transcendem ao homem, promovendo paz e tranquilidade.

 

 

 

3.2 ATIVIDADES MUSICAIS PARA IDOSOS

 

Dentre as diversas atividades que podem ser trabalhadas nesta faixa etária, será apresentada a que propõe Bruscia (2016), que faz parte do Departamento de Música e Musicoterapia da Universidade da Philadelphia. Segundo ele existem quatro experiências musicais: recriação, improvisação composição e experiencia receptiva. Cada uma evoca diferentes tipos de emoções e provoca processos interpessoais:

  • Recriação: performance ou execução, compreende aprender, cantar ou tocar musicas que já existem ou dada como modelo, tanto retiradas de suas vivencias como algo novo, (jogar musicalmente);
  • Improvisação: ao cantar ou tocar o individuo cria um ritmo, uma canção, seja em grupo ou individualmente, realizadas por leigos, onde desenvolve criatividades, espontaneidade e liberdade.
  • Composição: criação de algo que possa ser gravado e posteriormente reproduzido, considerando atividade para leigos, o que desenvolve habilidades em organização de pensamentos, tomadas de decisão, documentar ideias, integração e sintetização das partes em um todo.
  • Experiencia receptiva: a pessoa ouve sons e responde à escuta de formas verbais, silenciosa, graficamente, e desta forma evoca o imaginário, promove a receptividades, estimula o relaxamento, evoca estados de experiencias auditivas, memórias etc.

 

Observa-se, segundo Bruscia (2016), que as atividades acima mencionadas propõem o indivíduo em contato com si mesmo, e envolve sua cognição, seu corpo, sua emoção. Aspectos que favorecem sua autoestima, liberdade de expressão, resgate de identidade, confiança em aprender e promove ainda integração social.

 

Bruscia (2016), também destaca a importância de que o profissional se utilize da música dentro de objetivos propostos sobre onde quer chegar, o que e o como, que saiba fazer esta articulação, pois cada experiencia musical carrega consigo a possibilidades de um ou mais objetivos a serem alcançados.

 

  1. CONCLUSÃO

 

O presente trabalho trouxe aspectos relacionados ao envelhecimento da população e consequentemente aos processos adotados para o acolhimento deste público. A área de interesse: gerontologia e suas especificidades, assim como o envelhecimento ativo e o papel do idoso na sociedade, seus aprendizados, dificuldades e as propostas educacionais dirigidos aos mesmos.

Trouxe em pauta o tema principal que é os benefícios da música para os idosos, pois segundos pesquisas realizadas pelos autores citados neste estudo promovem qualidade de vida do grupo, como promove aspectos de desenvolvimento criativo e expressivo. Neste sentido, Tourinho (2006) aconselha a utilização da música com prazer, pois contribui para uma maior compreensão do mundo e de nós mesmos, pois estudos comprovam que a atividade muscular, a respiração, a pressão sanguínea, a pulsação cardíaca, o humor e o metabolismo são afetados pela música e pelo som.

Quanto à música ser utilizada diante de atividades de percepção, vivencia e estudos musicais propriamente ditos, pode verificar nos idosos limitações de ordem física ou psíquica. Neste sentido Gainza (1988) salienta que as dificuldades podem resultar de patologias da idade, e nestes casos a disfunção musical mostra a existência destes problemas.

No entanto se as atividades musicais se limitarem somente ao prazer, como citado acima seus objetivos diferem totalmente da música como atividade de estudo, pois as limitações da idade podem prejudicar as atividades e consequentemente terem resultados que diminuem a autoestima do idoso, pois estamos nos relatando a não músicos e buscando um aprendizado musical que de acesso a todos, privilegiando o desenvolvimento humano.

Por este motivo o profissional deve estar atento aos reais objetivos das atividades, se inserir no contexto do grupo, pois a música não engloba somente um trabalho que vise o domínio de um instrumento, mas atividades diversificadas, como por exemplo, um coro, pois o ensino musical para o idoso pode ser veículo de fortalecimento das relações interpessoais. De acordo com Montello (2004) a música é elemento sociabilizador e integrador, além de promover equilíbrio emocional.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

GOMES, Lorena; AMARAL, Juliana Bezerra. OS EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DA MÚSICA PARA OS IDOSOS: revisão sistemática. Revista Enfermagem Contemporânea, Salvador, dez. 2012; 1(1): 103-117.

Disponível em:< http://www.bahiana.edu.br/revistas>

 

SOUZA, Cristiana Miriam e S; LEÃO, Eliane. TERCEIRA IDADE E MÚSICA: perspectiva para uma educação musical idade e musical. XVI Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM). Brasília – 2006

Disponível em: < https://antigo.anppom.com.br/anais/anaiscongresso_anppom_2006/CDROM/COM/01_Com_EdMus/sessao02/01COM_EdMus_0205-144.pdf  >

 

BERGMANN, Carolina Giordano. A RELAÇÃO DO IDOSO COM O APRENDIZADO MUSICAL.  Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de Artes, S.P. 2012. 249p.

Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/95167/bergmann_cg_me_ia.pdf;sequence=1  >

 

 

SCHNEIDER, Rodolfo Herberto, IRIGARAY, Tatiana Quarti.O ENVELHECIMENTO NA ATUALIDADE: aspectos cronológicos, biológico, psicológicos e sociais.Estudos de Psicologia. Campinas, outubro-dezembro 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v25n4/a13v25n4.pdf

[1] http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2018-04/populacao-com-60-anos-ou-mais-cresce-quase-19-em-cinco-anos

Publicado em 26/04/2018 – 10:54

Por Nielmar de Oliveira – Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro

 

  • Eliane Giarola Guimarães; Graduada em Educação Musical; Graduada em Pedagogia; Graduada em Artes Visuais; Pós Graduada em Práticas Pedagógicas; Pós Graduanda em Neuroeducação Musical; Professora de Educação Musical e Instrutora musical na prefeitura Municipal de Barueri, premiada com Honra ao Mérito e Prêmio Professor Giz de Ouro.

 

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